Curso mostra princípios do manejo florestal em várzeas da Amazônia

Escrito por

João Cunha

Publicado em

22/10/25

Murupita, jacareúba, bolacheira, mutamba branca, tanimbuca… as várzeas da Amazônia apresentam um vocabulário inteiramente novo ao leigo que se aventura pelos caminhos da mata. Saber as diferenças entre essas espécies é uma das habilidades do manejador florestal. Uma turma de técnicos e estudantes foi iniciada nesse universo durante a edição 2019 do curso de multiplicadores em manejo florestal comunitário oferecida pelo Instituto Mamirauá. O curso foi realizado entre os dias 18 de fevereiro e 02 de março e contou com apoio da Fundação Gordon and Betty Moore.

A sala de aula para as atividades práticas foi a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no centro do estado do Amazonas, cujo território de mais de 1 milhão de hectares é formado quase todo por florestas de várzea. Mamirauá é uma região pioneira em implementar planos de manejo florestal no estado, atividade que acontece desde o início dos anos 2000. Todo o trabalho é feito por moradores e usuários da reserva, organizados em associações que fazem uso do recurso da madeira de forma sustentável.

Eles seguem o manejo florestal comunitário, conjunto de metodologias e técnicas que visa a melhor eficiência na extração de madeira, evitando o desperdício de árvores. Baixo impacto à natureza aliado à geração de renda para populações tradicionais.

Com a experiência desses grupos e a assessoria técnica do Instituto Mamirauá, a reserva se tornou um laboratório para capacitar pessoas interessadas em difundir o manejo florestal em outras partes da Amazônia. Esta foi a quinta edição do curso de multiplicadores.

O foco do treinamento envolveu duas fases de grande importância para o manejo florestal: o levantamento de estoque e seleção de árvores para corte e a exploração de impacto reduzido, que é o corte das árvores em si.

Durante o levantamento, são identificadas árvores de interesse comercial e que seguem os critérios legais de exploração, como o assacú, o mulateiro e o louro inamuí. Já as técnicas de impacto reduzido incluem o plano de escoamento da madeira e a localização das árvores licenciadas.

“Os participantes do curso de multiplicadores são pessoas que já trabalham na área de alguma forma e que vêm em busca de referências no manejo florestal em várzea, que é bem diferente daquele praticado em ambientes de terra firme”, informa Humberto Batalha, técnico do Instituto Mamirauá. “No final, é uma grande troca de experiências para todos, inclusive para os manejadores locais que nos ajudam como instrutores. O curso é um incentivo para eles continuarem na atividade e ficarem mais fortes como associação”.

João Adriano de Lima foi um dos participantes da última edição do curso. Técnico do Instituto Floresta Tropical (IFT), ele pretende adaptar as técnicas do manejo florestal comunitário para áreas de várzea no estado do Pará.

“Nosso instituto tem experiência com manejo em terra firme. Recentemente, começamos a trabalhar com comunidades de florestas de várzea, só que em um regime diário de inundação, por conta da influência de maré. Como o Instituto Mamirauá é uma referência em manejo florestal em várzea, temos que entender um pouco dessa dinâmica para aplicar lá”, disse.

O Instituto Mamirauá é uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O curso “Capacitação de Multiplicadores em Manejo Florestal Comunitário em Área de Várzea: Levantamento de Estoque e Exploração de Impacto Reduzido” é uma ação do Programa de Manejo Florestal Comunitário (PMFC) do instituto.

Texto: João Cunha

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